Henrique Zoqui Martins Parra
Mariano Fressoli
Antonio Lafuente
O dossiê Ciência Cidadã e Laboratórios Cidadãos logrou reunir um conjunto expressivo de artigos, resultando numa instigante caracterização desse campo de práticas. Além da diversidade de origem geográfica (Europa, África, América Latina e do Norte), os autores e autoras possuem inserções que transitam entre universidades, organizações comunitárias e não governamentais, movimentos sociais e coletivos ativistas. Interessante destacar que a maior parte dos trabalhos recebidos nesta chamada é de relatos de experiências empíricas empreendidas pelos próprios autores. Os artigos de análise teórica, por sua vez, realizam problematizações mais amplas acerca dos desafios acumulados sobre essa diversidade de experiências em diferentes contextos. A combinação desse esforço de análise teórica e descrição de experiências reforça a percepção de que estamos diante de um fenômeno heterogêneo, dinâmico e com efeitos ainda pouco conhecidos.
Essa multiplicidade de práticas e de espaços alternativos de produção de conhecimento recompõe as fronteiras e as identidades entre cientistas experts e os diversos públicos, mas também entre o laboratório acadêmico e o laboratório cidadão. As tecnologias de informação e comunicação digital, com sua presença ubíqua em diferentes domínios da vida social, as interseções entre a cultura hacker, a cultura científica e as novas formas de ativismo, compõem essa paisagem. Tais mutações não podem ser dissociadas das transformações e intensa crise pela qual os sistemas de representação política em diversos países estão passando. Nesse sentido, as noções de “ciência cidadã” e “laboratórios cidadãos” criam novas tensões e composições entre a ciência e a política: amplia-se o campo das práticas e espaços estabelecidos de produção de conhecimento científico; ao mesmo tempo em que se interrogam as formas de participação política.
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